Pelo menos você tem uma história

Melina Oliveira
3 min readDec 3, 2020

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Você se hospeda aos pés do Monte Crista, e um cara que adotou o nome de Harmonia te convida pra subir a montanha. Ele se oferece pra ser seu guia. Detalhe: você viajou sozinha.

Você é jovem e quer desbravar o mundo.

No meio do caminho, ele pega um cogumelo crescendo embaixo de uma árvore. Mais cedo, ele contou que os cogumelos são seus professores. Ele curte a onda de olhar pra dentro de si com uma ajudinha química da natureza.

O truque, segundo Harmonia, é simples: coma um pedacinho do cogumelo e espere. Se for venenoso, você vai passar mal (mas nada que coloque sua vida em risco, já que você só degustou). Se não for venenoso, pode comer o resto.

O cogumelo nas mãos dele é branco e parece tão inofensivo… Quase um champignon! Harmonia pega um pedaço e lhe oferece outro. Você aceita.

Você passa a noite com febre, encolhida num colchonete, sem cobertores suficientes pra darem conta do frio que sacode seus ossos.

Parece ruim? Mas bem… Pelo menos você tem uma história.

“É impressão minha ou aqui tá calor?”

Na sua primeira viagem sozinha num país estrangeiro, você vai parar num festival de música. Com a grana contada, você decide que vai passar a noite na estação de trem pra economizar.

Um ônibus deixa as participantes do festival (aquelas que não vão acampar no próprio local do evento) na cidade mais próxima.

Você salta. A estação tá fechada.

Você faz amizade com um grupo de amigos bêbados, e um deles lhe oferece o saco de dormir dele. “A gente vai acampar amanhã, mas hoje vamos ficar numa pousada.” “Eu não sei,” você tenta argumentar. Ele é muito convincente: “Você prefere ficar aqui com os pombos?”

Qualquer coisa lhe parece melhor que dormir ao relento com pombos.

Todas as suas roupas estão sujas, mas você toma um banho mesmo assim antes de se enfiar no saco de dormir desse desconhecido simpático e alcoolizado. Ei! Pelo menos você tem uma história.

“Aeeeeeeeee, galera!”

(Nota rápida: se você conhecer um cara míope chamado Thomaz que mora em Rennes, na Bretanha, diga que ele salvou minha vida).

E por que tô falando sobre isso aqui? Já contei nesse post que é ASSIM que você se diferencia do resto do mundo: com as suas histórias. Só uma pessoa tem o monopólio de ser você. Adivinha quem!!!

Então teste, experimente, se aventure…

Você nem precisa escrever uma poesia épica à la Odisseia. Histórias casuais funcionam (e muito bem).

“Tudo começou quando eu decidi colocar gotas de chocolate na massa da pizza…”

Agora quero saber de você.

Que tipo de história você quer contar?

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Originally published at https://operacaomegafone.com.br on December 3, 2020.

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Melina Oliveira

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